Trago no sangue e no sonho
Falar castanho, verde olhar.
Fui batizado no fogo,
ouvindo e cantando…
Quem bebeu água da fonte
não vai se perder.
Trago no sonho
e no sangue
Motivos para lutar,
Ladeiras do divino
e becos da fome.
Quem cruzou
aquela ponte
não vai se esquecer.
O que eu sou,
eu sou em par.
Não cheguei sozinho.
Canções da minha dor,
Canções do meu pesar,
Canções do meu amor,
Canções do meu amar.
Quem agora é distante
para não dizer.
O que eu sou,
eu sou em par.
Não cheguei sozinho.

Lenine / Carlos Posada
Mameluco (Trama-Dueto Edições)

Lenine – voz, vocais, violão de aço e violão de nylon
Bruno Giorgi – baixo, guitarra e programação
JR Tostoi – guitarra
Gabriel Vaz – bateria
Ricardo Vignini – viola dinâmica, viola cabacítara e slide

Produzido por Bruno Giorgi, Jr Tostoi e Lenine
Co-produtores – Pupillo, Tó Brandileone e Martin Fondse
Gravado entre janeiro e março de 2015 nos estúdios: O Quarto, RJ – Ministereo Estúdio Lab Tostoi, RJ – Rootsans Studios, SP – Toca do Bandido, RJ – Estúdio Sabiá, RJ – Heartland Studio, Amsterdam, Holanda – Bojo Elétrico, SP e Orbita Music, RJ.

Faixa “À meia noite dos tambores silenciosos” gravada no Teatro Castro Alves – TCA, Salvador – Bahia

Gravado por Bruno Giorgi e Henrique Vilhena
Gravações adicionais – Jr Tostoi, Tó Brandileone, Rodrigo Sanches, Ricardo Vignini, Felipe Ventura, Leo Ribeiro e Chris Weeda
Mixado por Bruno Giorgi na Orbita Music – RJ com auxilio luxuoso de Carlos Trilha Muller
Masterizado por Carlos Freitas no Classic Master, SP
Design gráfico e ilustrações – José Carlos Lollo
Coordenação gráfica – Paula Santos
Assessoria de imprensa – Paula Gomes e Anna Carolina Braz
Equipe de produção – Mauricio von Helde, Ivy Morais, Ana Terra, Maryá Lygia e Geisa Behnen
Management – KK Mamoni

Uma gota que pinga no chão,
e faz faísca na pedra.
Ergue um cisco, de brasa e carvão, que o sopro leve do vento leva.
Que pairava acima donde
o olho pode ver,
Mas caía na terra vermelha
do jardim do seu bem querer.
Então brotava, depois crescia
e não parava, e quem diria?
O impossível vem pra ficar.
Transformar, seu lugar, seu olhar.
Era um salto, um giro, um clique,
era o quê?
Um instante preciso,
um disparo para foto nascer.
Era um susto, um sim,
a sorte de acontecer,
Uma frase que funde a ideia,
e faz do nada o amor romper.
Então brotava,
depois crescia
e não parava,
e quem diria?
De onde olho
vem pra ficar.
Pra fincar,
transformar meu olhar.
Transtornar meu andar.
Refundar.
Fincar.

Lenine / Vinicius Calderoni
Mameluco (Trama-Dueto Edições) / Direto

Lenine – voz, violão de nylon e violão de 12 cordas
Bruno Giorgi – bandolim barítono e baixo
Pantico Rocha – bateria
Carlos Malta – sax alto, sax tenor e sax barítono
Tó Brandileone – pratos, baixo, baixo synth, synth, guitarra e coprodução

O baque do maracatu estanca no ar,
Das lâmpadas apaga-se a luz branca no ar,
Na sombra donde somem cor e som, somos um,
Ao rés do chão, aos pés de Olorum.
Um lume no negrume vaga dentro de nós;
Um choro insonoro alaga o centro de nós;
Com fé ou não no axé, no São José, todos são,
Um nó, e tudo é só comoção.
Largo do Terço
Quão largo, profundo.
Bendito é o teu rito
que eu verso.
Em mantras, cantos brandos já ecoam no ar;
Em bando, pombas brancas já revoam no ar;
No chão, na vibração de nossas mãos, somos um,
Irmãos na evocação aos eguns.
Largo do terço
Quão largo, profundo.
Bendito é o teu rito que eu verso.

Lenine / Carlos Rennó
Mameluco (Trama-Dueto Edições) / Gege Edições (Brasil e América do Sul) / Preta Music (resto do mundo)

Lenine – voz
Letieres Leite – arranjo e regência
Orkestra Rumpilezz
André Becker – sax alto
Dadá – trombone baixo
Emerson Taquari – percussão
Ênio Taquari – percussão
Fernando Rocha – tuba
Gabi Guedes – percussão (rum)
Gilberto Junior – trompete
Gilmar Chaves – trombone
Guiga Scott – trompete
Ícaro Sá – percussão
João Teoria – trompete
Joatan Nascimento – trompete
Juracy – trombone
Léo Rocha – sax tenor
Paulinho Andrade – sax alto
Rowney Scott – sax soprano
Rudney Machado – trompete
Tiaguinho – percussão
Vanilson Lemos – trombone
Vinicius Freitas – sax barítono
Wallace – percussão

Eu sei de todo caminho que andei
Sou feito de barro batido e berro
Sempre topei com madeira de lei
A ciência já me fez cupim de ferro
O podre se apodera
A lama fertiliza
O bombo vocifera
O terno viraliza
O coração pondera
quando a razão rivaliza
A vida reverbera
O tempo imortaliza
A dor é passageira
O amor se cristaliza
O coração severa
quando a razão enraíza
Eu sei de todo caminho que andei
Sou feito de barro batido e berro
Sempre topei com madeira de lei
A ciência já me fez cupim de ferro
A turba aterroriza
A hora desespera
A alma suaviza
A carcaça venera
E o coração espera
Quando a terra é movediça
A nuvem satiriza
O céu dessa janela
O olho finaliza
A lente só revela
E o coração numera
Cada batida esquecida
Eu sei de todo caminho que andei
Sou feito de barro batido e berro
Sempre topei com madeira de lei
A ciência já me fez cupim de ferro

Lenine / Pupillo / Dengue / Lucio Maia / Jorge du Peixe
Mameluco (Trama-Dueto Edições) / Direto

Lenine – voz e coro
Bruno Giorgi – guitarra e coro
JR Tostoi – guitarra e filtro
Bernardo Pimentel – coro
João Cavalcanti – coro
Nação Zumbi*
Pupillo – caixa, programação, bombos, coro e coprodução
Dengue – baixo e coro
Lucio Maia – guitarra e coro
Jorge du Peixe – voz e coro
Toca Ogan – congas e coro
Da Lua – bombos e coro
*Artista gentilmente cedido pela Som Livre / RGE

A dureza real de quem é pedra
Que a volúpia do atrito lapida;
Esse brilho tenaz que quase cega
É ventura do ventre da ferida.
Quem dirá, migalha de sol,
Que o brilho é teu apogeu,
Se ofuscado no caldo das estrelas
O brilho se perdeu?
Sou de estrelas a causa e o pó.
Sou de estrelas e só.
Do ser ao pó, é só
Carbono
Solene, terreno, imenso;
Perene, pequeno, humano.
Natureza tão sólida de tinta
Que o frágil atrito transporta
Esse risco voraz te faz faminta
E a rasura te move em linha torta.
O contraste será troféu
Que teu risco alinhavou
Ou vestida mortalha das estrelas
O risco se apagou?

Lenine / João Cavalcanti
Mameluco (Trama-Dueto Edições) / Humaitá

Lenine – voz, guitarra e craviola de aço
Bruno Giorgi – synths e bumbos
JR Tostoi – guitarra
Pantico Rocha – bateria
Guila – baixo
Felipe Ventura – violino
Gabriel Ventura – guitarra
Carlos Malta – flauta

A seca avança em Minas,
Rio, São Paulo.
O Nordeste é aqui, agora.
No tráfego parado onde me enjaulo,
vejo o tempo que evapora.
Meu automóvel novo mal se move,
enquanto no duro barro,
No chão rachado da represa
onde não chove,
surgem carcaças de carro.
Os rios voadores da Hileia
mal desaguam por aqui,
E seca pouco a pouco
em cada veia o Aquífero Guarani.
Assim, do São Francisco a San Francisco,
um quadro aterra a terra:
Por água, por um córrego, um chuvisco, nações entrarão em guerra.
Quede água? Quede água?
Agora o clima muda tão depressa,
que cada ação é tardia,
Que dá paralisia na cabeça,
que é mais do que se previa.
Algo que parecia tão distante
periga agora tá perto;
Flora que verdejava radiante
desata a virar deserto.
O lucro a curto prazo,
o corte raso, o agrotóxiconegócio;
A grana a qualquer preço,
o petrogaso-carbocombustível fóssil.
O esgoto de carbono a céu aberto
na atmosfera, no alto;
O rio enterrado e encoberto
por cimento e por asfalto.
Quede água? Quede água?
Quando em razão
de toda a ação “humana”
e de tanta desrazão,
A selva não for salva
e se tornar savana;
e o mangue, um lixão;
Quando minguar o Pantanal,
e entrar em pane
a Mata Atlântica, tão rara;
E o mar tomar toda cidade litorânea,
e o sertão virar Saara;
E todo grande rio virar areia,
sem verão virar outono;
E a água for commodity alheia,
com seu ônus e seu dono;
E a tragédia da seca, da escassez,
cair sobre todos nós,
Mas sobretudo sobre os pobres,
outra vez sem terra, teto, nem voz;
Quede água? Quede água?
Agora é encararmos o destino
e salvarmos o que resta;
É aprendermos com o nordestino que pra seca se adestra;
E termos como guias os indígenas,
e determos o desmate,
E não agirmos que nem alienígenas no nosso próprio habitat.
Que bem maior que o homem
é a Terra, a Terra e o seu arredor,
Que encerra a vida,
que na Terra não se encerra,
a vida, a coisa maior,
Que não existe
onde não existe água
e que há onde há arte,
Que nos alaga e nos alegra
quando a mágoa a alma nos parte,
Para criarmos alegria para viver
o que houver pra vivermos,
Sem esperanças,
mas sem desespero,
no futuro que tivermos.
Quede água? Quede água?

Lenine / Carlos Rennó
Mameluco (Trama-Dueto Edições) /
Gege Edições (Brasil e América do Sul) /Preta Music (resto do mundo)

Lenine – voz, violão, dobro e coro
Bruno Giorgi – coro
JR Tostoi – guitarra, programações e edits
Guila – baixo e baixo synth
Bernardo Pimentel – coro
João Cavalcanti – coro
Carlos Trilha Muller – mini moog
Marcos Suzano – tar, derbak, pandeiro, talking drum e drum machine

Do alto da arrogância qualquer homem
se imagina muito mais do que consegue ser.
É que vendo lá de cima,
a ilusão que lhe domina,
diz que pode, muito antes de querer.
Querer não é questão,
Não justifica o fim,
Pra quê complicação?
É simples assim…
Focado no seu mundo qualquer homem
imagina muito menos do que pode ver.
No escuro do seu quarto,
ignora o céu lá fora,
e fica claro que ele não quer perceber.
Viver é uma questão
De início, meio e fim.
Pra quê a solidão?
É simples assim…
É, eu ando em busca dessa tal simplicidade.
É, não deve ser tão complicado assim.
É, se eu acredito é minha verdade.
É simples assim…
E a vida continua
surpreendentemente bela
mesmo quando nada nos sorri.
E a gente ainda insiste
em ter alguma confiança
num futuro que ainda está por vir,
Viver é uma paixão.
Do inicio, meio, ao fim.
Pra quê complicação?
É simples assim…

Lenine / Dudu Falcão
Mameluco (Trama-Dueto Edições) / Midia Hits (Warner Chappell)

Lenine – voz e violão de 12 cordas
Bruno Giorgi – baixo e ruído
JR Tostoi – edits, guitarras e dubs
Alexandre Caldi – flauta e sax alto
David Ganc – flauta em sol e flauta baixo
Pedro Paes – clarone e sax tenor
Thiago Amud – arranjo de sopros

Não deixo a vida me levar,
Levo o que vale do viver.
Um sorriso pleno,
Um amor sereno,
E tudo que o tempo me der…
A vida é pra se louvar,
Venha o que vier, valha o que valer.
Um caminho raro,
Um coração claro,
Por todo tempo que houver…
Levar.
Valer.
Louvar.
Haver.
Viver, se houver
Valor à vida.
Não deixo a vida me levar,
Quem leva a vida sou eu.

Lenine
Mameluco (Trama-Dueto Edições)

Lenine – voz e coro
Bruno Giorgi – bandolim baritono, cordas, chinelo e coro
Pantico Rocha – bateria
Guila – baixo synth
Bernardo Pimentel – coro
João Cavalcanti – coro
Marcos Suzano – pandeiro, shaker e programação

Se eu meto bala,
você me fuzila.
Se eu ergo a espada,
você já se lança.
Se eu vou de cacho,
você vem de penca.
Se eu te encho e vazo,
você me estanca.
Se eu pinto e bordo,
você barbariza.
Se eu salto alto,
você se abisma.
Se eu santo oco,
você sataniza.
Cara de pau eu,
você cara lisa.
Não serei seu,
você não será minha?
Serei sempre só,
você sempre sozinha?
Ou de outro modo,
muda-se a crença:
A gente se junta
e dança na diferença.
Se eu perco o bonde,
você muda a história.
Se eu nunca esqueço,
você sem memória.
Se eu ralé rasa,
você pura escória.
Se eu leve traço,
você dura joia.
Se eu remartelo,
cê na mesma tecla.
Se eu nunca emplaco,
você sempre implica.
Se eu paro e espero,
você pula fora.
Farpa de madeira eu,
cê inteira tora.
Não serei seu,
você não será minha?

Lenine / Marco Polo
Mameluco (Trama-Dueto Edições)

Lenine – voz, violão de nylon e dobro
Bruno Giorgi – baixo, guitarra e bandolim barítono
JR Tostoi – guitarra
Pantico Rocha – bateria
Carlos Malta – sax alto, sax tenor e sax barítono

Pequeno, e ainda assim imenso.
Calado, e ainda assim intenso.
Pesado, e ainda assim flutua.
Veneno, e ainda assim me cura.
Quando um sentimento
Fica assim, fora de si.
Coração perde a cabeça,
E o juízo voa.
O universo na cabeça do alfinete
Tudo brilha diferente
no olho da pessoa.
Parado, e ainda assim ligeiro.
Inteiro, e ainda assim partido.
Doído, e ainda assim contente.
Descrente, e ainda assim feliz.
Quando um sentimento
Fica assim, fora de si.
Coração perde a cabeça,
E o juízo voa.
O universo na cabeça do alfinete
Tudo brilha diferente
no olho da pessoa.

Lenine / Lula Queiroga
Mameluco (Trama-Dueto Edições) /Luni Produções (Humaitá)

Lenine – voz
JR Tostoi – guitarra
Martin Fondse – piano, rhodes, vibrandoneon, arranjos e coprodução
Martin Fondse Orchestra
Annie Tangberg – violoncelo
Dirk Peter Kölsch – bateria
Eric van der Westen – baixo acústico
Herman van Haaren – violino
Irma Kort – oboé d’amore e corne inglês
Mete Erker – clarone e sax tenor
Søren Siegumfeldt – sax tenor
Vera van der Bie – violin

Lenine / Pantico Rocha / Guila / JR Tostoi / Bruno Giorgi
Mameluco (Trama-Dueto Edições)

Lenine – dobro
Bruno Giorgi – guitarra
JR Tostoi – guitarra e edits
Pantico Rocha – bateria
Guila – baixo