Há de ser leve

um levar suave

nada que entrave

nossa vida breve

Tudo que me atreve

a seguir de fato

o caminho exato

da delicadeza

e ter a certeza

de viver no afeto

 

Só viver no afeto…

(Lenine)

Lenine voz, guitarra e violão

JR Tostoi guitarra, programação e vocais

Guila baixo, sintetizador e vocais

Bruno Giorgi guitarra, bandolim, baixo, programação e vocais

Pantico Rocha bateria e vocais

 

Gravado ao vivo no Teatro Imperator Centro Cultural João Nogueira no dia 06 de fevereiro de 2018 – Rio de Janeiro, Brasil.

Extraído do show Lenine Em Trânsito gravado ao vivo.

 

Show

Direção Artística Lenine Concepção Anna Barroso e Lenine Direção Musical Bruno Giorgi Roteiro e Direção Lenine e Bruno Giorgi Músicos Lenine, JR Tostoi, Guila, Bruno Giorgi e Pantico Rocha Participação Especial Carlos Malta (Intolerância), Amaro Freitas (Lua Candeia) e Gabriel Ventura (Umbigo) Desenho de Luz Robson de Cássia Roadie Berg e Gabriel Ventura Som Henrique Vilhena (F.O.H) e Juarez Biggu (Monitor) Cenógrafa Assistente Marieta Spada Cenotécnico André Salles Técnico de Montagem Marcio Domingues Afinação Piano Luigi Santoucci Coordenação Operacional Maurício von Helde Coordenação de Produção Anna Carolina Braz e Ivy Morais Assistente de Produção Renata Giorgi Assessoria de Comunicação Anna Carolina Braz e Louise Cavadinha Administração Jocilene Costa Fotos Flora Pimentel, Gabi Carrera e Rogério Von Krüger Câmera e Mídias Digitais Bruno Tavares Maquiagem Paula Vidal Motorista Everaldo Souza Catering Flávio Furtado

Áudio

Direção de Áudio Bruno Giorgi Engenheiro de Gravação Diogo Guedes Engenheiro de Gravação Assistente Elton Bozza Assistente de Gravação Arthur Corrêa e Geraldo Silva Mixagem Bruno Giorgi Stemização 5.1 Henrique Vilhena e Bruno Giorgi Masterização Carlos Freitas Assistente de Masterização Carina Renó Tradução Bráulio Tavares Transporte Elcio Nepomuceno

Mameluco Produções e Edições

Diretora Anna Barroso Coordenação de Produção Ivy Morais, Anna Carolina Braz e Maurício von Helde Assistente de Produção Renata Giorgi Assessoria de Comunicação Anna Carolina Braz Administração Jocilene Costa Contabilidade Romário Abreu Assessoria Jurídica Caio Mariano Advogados Editora Mameluco Administração Dueto Edições

Projeto “Lenine Em Trânsito”

Identidade Visual Bruno Tavares e Lisa Akerman Projeto Gráfico Bruno Tavares e Lisa Akerman Planejamento e Conteúdo Digital Bruno Tavares Release João Cavalcanti

 

Se tá no jogo, jogue pelo time

e tape o sol que derrete a neve

Não há perdão, nem razão pro crime

o tom é grave, o tempo é breve

 

E assim por onde a humanidade caminhe

até onde o sonho a compele?

eu só peço que ao passo se alinhe

e o compasso não atropele

 

Nunca sublime.

Nunca releve.

Sublinhe,

revele.

 

Nunca sublime.

Nunca releve.

Sublinhe,

revele

 

Que assombre a sombra quando se aproxime

e sopre o som que me eleve

que siga o curso que o desejo imprime

é, o amor nunca prescreve!

 

O que advém da vida, advinhe

se não soar na canção, cancele

só no meu colo se enrole

e se aninhe a flor no solo da minha pele

 

Nunca sublime.

Nunca releve.

Sublinhe,

revele.

 

Nunca sublime.

Nunca releve.

Sublinhe,

revele.

(Lenine)

Cadê a esfinge de pedra que ficava aqui?

Virou areia, virou areia

Cadê a floresta que o mar já avistou dali?

Virou areia, virou areia.

Cadê a mulher que esperava o pescador?

Virou areia.

 

Cadê o castelo onde um dia já dormiu um rei?

Virou areia, virou areia.

E o livro onde o dedo de Deus deixou escrita a Lei?

Virou areia, virou areia.

Cadê o sudário do Salvador?

Virou areia.

 

(Areia)

A lua batendo no chão do terreiro.

(Areia)

E o barro batido subindo no ar.

(Areia)

Menino sentado na beira da praia

(Areia)

fazendo com a mão um castelo no mar…

 

A onda que se ergueu e que passou

virou areia.

Nasceu no mar e na terra se acabou

virou areia.

 

Cadê a voz que encantava a multidão?

Virou areia, virou areia.

Cadê o passado, o presente e a paixão?

Virou areia, virou areia.

Cadê a muralha do Imperador?

Virou areia.

 

(Areia)

A lua batendo no chão do terreiro.

(Areia)

E o barro batido subindo no ar.

(Areia)

Menino sentado na beira da praia

(Areia)

fazendo com a mão um castelo no mar…

 

A onda que se ergueu e que passou

virou areia.

Nasceu no mar e na terra se acabou

virou areia.

(Lenine e Bráulio Tavares)

Saudade é um lindo bicho

que no escuro se orienta

que da fome se alimenta

que tem a dor por capricho

e só quando dói alenta.

 

Saudade é um bicho estranho

de natureza selvagem

porém de fina engrenagem

crescendo a perder tamanho

vê-se minguar de coragem.

 

Enquanto verso a saudade

o bicho, feito quimera

partido pela metade

meu coração acelera.

O mudo rugir da fera

é quem impõe sem piedade

o meu compasso de espera.

 

Saudade é um bicho grande

muito maior do que eu penso

quão mais se expande, mais denso

quão mais denso, mais se expande

saudade é um bicho imenso

 

Enquanto verso a saudade

o bicho, feito quimera

partido pela metade

meu coração acelera

O mudo rugir da fera

é quem impõe sem piedade

o meu compasso de espera

 

O meu compasso de espera.

 

(Lenine e João Cavalcanti)

Ela vem e vem decidida

é um trem cruzando a avenida

ela bem pra lá de atrevida

é ela.

 

Ela tá na adrenalina

vem e já dobrou a esquina

vai entrar rasgando a cortina

é ela.

 

Ela vem ao som de turbinas

nada em nitroglicerina

ela é quem dinamita a mina

é ela.

 

Ela vem e espalha conflito

ganha nem que seja no grito

e se tem alguém que eu evito

é ela

 

Traz em cada mão o desassossego.

Vai furar no chão um buraco negro

Tem que ter razão quem saiu do jogo

dela

 

(Lá vem ela)

Ela vem e vem decidida

é um trem cruzando a avenida

ela bem pra lá de atrevida

é ela.

 

Ela tá na adrenalina

vem e já dobrou a esquina

vai entrar rasgando a cortina

é ela.

 

Ela ainda lá e já me maldizendo

sinto seu olhar quase incandescendo

é como um vulcão desadormecendo

é ela

 

Ela…

Lá vem ela…

 

(Lenine e Ivan Santos)

Lua Candeia

Lua Candeia

 

Quem me ensinou, lua cheia,

a cirandar foi você,

foi você, luar.

Toda noite a ciranda é maior.

Cada estrela no céu

é um cirandeiro, ó

é a pedra do seu anel;

minha rua brilha mais do que o sol

 

Que de tanto eu pedir ladrilhou

com pedrinhas de brilhantes o chão

pra passar, pra passar o amor

que ciranda em meu coração.

 

Lua Candeia

Lua Candeia

 

Quem me ensinou lua cheia

a cirandar foi você,

foi você, luar.

Toda noite ciranda é maior.

Cada estrela no céu

é um cirandeiro, ó

é a pedra do seu anel;

minha rua brilha mais do que o sol

 

Que de tanto eu pedir ladrilhou

com pedrinhas de brilhantes o chão

pra passar, pra passar o amor

que ciranda em meu coração.

Lua Candeia

Lua Candeia

(Lenine e Paulo César Pinheiro)

Ogan no terreiro

começa desde erê:

mão pequenina no couro

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

Ogan no terreiro

começa desde erê

mão pequenina no couro

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

A chave da inocência

é quem abre o baú do tesouro

é que faz santo subir e descer

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

A chave da inocência

é quem abre o baú do tesouro

é que faz santo subir e descer

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

Ogan no terreiro

começa desde erê:

mão pequenina no couro

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

Ogan no terreiro

começa desde erê:

mão pequenina no couro

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

A chave da inocência

é quem abre o baú do tesouro

é que faz santo subir e descer

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

A chave da inocência

é quem abre o baú do tesouro

é que faz santo subir e descer

bate até couro doer

bate até couro doer.

 

Bate até couro doer

bate até couro doer.

 

(Lenine e Lula Queiroga)

De onde vem a canção?
Quando do céu despenca
Quando já nasce pronta
Quando o vento é que inventa
De onde vem a canção?
De onde vem a canção?
Quando se materializa
No instante que se encanta
Do nada se concretiza
De onde vem a canção?
Pra onde vai a canção
Quando finda a melodia?
Onde a onda se propaga?
Em que espectro irradia?
Pra onde ela vai quando tudo silencia?
Depois do som consumado
Onde ela existiria?

(Lenine)

Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…

Vi a cidade passando,
Rugindo, através de mim…
Cada vida
Era uma batida
Dum imenso tamborim.
Eu era o lugar, ela era a viagem
Cada um era real, cada outro era miragem.

Eu era transparente e era gigante
Eu era a cruza entre o sempre e o instante.
Letras misturadas com metal
E a cidade crescia como um animal,
Em estruturas postiças,
Sobre areias movediças,
Sobre ossadas e carniças,
Sobre o pântano que cobre o sambaqui…
Sobre o país ancestral
Sobre a folha do jornal
Sobre a cama de casal onde eu nasci.

Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…

A cidade
Passou me lavrando todo…
A cidade
Chegou me passou no rodo…
Passou como um caminhão
Passa através de um segundo
Quando desce a ladeira na banguela…
Veio com luzes e sons.
Com sonhos maus, sonhos bons.
Falava como um Camões,
Gemia feito pantera.
Ela era…
Bela… Fera.

Desta cidade um dia só restará
O vento que levou meu verso embora…
Mas onde ele estiver, ela estará:
Um será o mundo de dentro,
Será o outro o mundo de fora.

Vi a cidade fervendo
Na emulsão da retina.
Crepitar de vida ardendo,
Mariposa e lamparina.
A cidade ensurdecia,
Rugia como um incêndio,
Era veneno e vacina…

Eu vim plantar meu castelo
Naquela serra de lá,
Onde daqui a cem anos
Vai ser uma beira-mar…

Eu pairava no ar, e olhava a cidade
Passando veloz lá embaixo de mim.
Eram dez milhões de mentes,
Dez milhões de inconscientes,
Se misturam… Viram entes…
Os quais conduzem as gentes
Como se fossem correntes
Dum rio que não tem fim?

Esse ruído
São os séculos pingando…
E as cidades crescendo e se cruzando
Como círculos na água da lagoa.
E eu vi nuvens de poeira
E vi uma tribo inteira
Fugindo em toda carreira
Pisando em roça e fogueira
Ganhando uma ribanceira…
E a cidade vinha vindo,
A cidade vinha andando,
A cidade intumescendo:
Crescendo… se aproximando.

(Lenine e Bráulio Tavares)

Umbigo meu nome é umbigo
Gosto muito de conversar comigo
Umbigo meu nome é espelho
Não dou ouvidos nem peço conselhos
Umbigo meu nome é certeza
Só é real o que convém a realeza
Umbigo meu nome é verdade
Sou o dono do mundo e o rei da cidade

Umbigo meu nome é umbigo…

Umbigo meu nome é umbigo
Eu sou mais eu! Dê cá um close no narciso
Umbigo meu nome é umbigo
Me peça tudo, só não peça para ter juízo
Umbigo meu nome é umbigo
Não sei de nada além de mim: o amor é cego
Umbigo meu nome é umbigo
Vivo na sombra e água fresca do meu ego

Eu vou andando, e quem quiser que acerte o passo
Faça o que eu digo, e eu me concentro no que faço
Se um dia o mundo pegar fogo eu salto antes
E dou adeus a seis bilhões de figurantes

Umbigo meu nome é umbigo
Quem está contra mim também está comigo
Umbigo meu nome é guru
Eu caí do céu pra mandar em tu
Umbigo meu nome é umbigo
O mundo perde o freio, e eu nem ligo
Comigo só não vai quem já morreu
Umbigo meu nome sou eu

(Lenine e Bráulio Tavares)