Já que sou brasileiro,
E que o som do pandeiro
É certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue,
E o país do suingue,
É o país da contradição.
Eu canto pro rei da levada,
Na lei da embolada,
Na língua da percussão,
A dança, a muganga, o dengo,
A ginga do mamulengo,
O charme dessa nação
Quem foi?
Que fez o samba embolar
Quem foi?
Que fez o coco sambar
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa
Quem foi?
Que fez do coco um cocar
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar
Quem foi
Que fez do sapo cantor de lagoa?
“E diz aí, Tião!
Tião? – Oi…
Foste? – Fui.
Comprasse? – Comprei.
Pagasse? – Paguei.
Me diz quanto foi? – Foi 500 reais.”
Já que sou brasileiro
Do tempero e do batuque,
Do truque do picadeiro,
Do pandeiro e do repique,
Do pique do funk-rock,
Do toque da platinela,
Do samba na passarela,
Dessa alma brasileira
Despencando da ladeira
Na zoeira da banguela
“Eu só ponho o bebop no meu samba
Quando o Tio Sam pegar no tamborim
Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba
Quando ele entender que o samba não é rumba
Aí eu vou misturar miami com Copacabana
Chiclete eu misturo com banana
E o meu samba, e o meu samba vai ficar assim…
A ema gemeu
A ema gemeu…”

(Lenine)
Lenine – Voz, Violões Tacoma E Zabumba
Tom Capone – Baixo
Mauro Manzoli – Edição E Samplers
Plínio Gomes – Programação E Baixo Drive
Marcelo Da Lua – Intro Vinil
Incluindo:
Cantiga do Sapo (Buco do Pandeiro / Jackson do Pandeiro)
Chiclete com Banana (Gordurinha / Almira Castilho)
Inserção de fonograma de Jackson do Pandeiro, gentilmente cedido pela Sony Music

Produzido por Tom Capone e Lenine
Co-produzido por Plínio Gomes e Mauro Manzoli, exceto “Relampiano”, por Vulgue Tostoi e “Meu amanhã”, por Kassin e Berna.
Gravado por Tom, Plínio e Mauro na “Toca do Bandido”, em fevereiro de 1999.
Mixado por Tom Capone no estúdio Mega, em abril de 1999. Assistentes – Max P.A. e Gutemberg Pereira.
Masterizado por Ricardo Garcia no Magic Master. Assistente – Guilherme Calicchio
Produção executiva – Marcelo Bueno. Assistente de produção – Marcello Lacerda.
Projeto gráfico – Barrão e Fernanda Villa-Lobos
Fotos – Christian Gaul. Assistente – Andréa Capella
Coordenação gráfica – Luis Felipe Couto e Emil Ferreira

Olho na pressão, tá fervendo
Olho na panela
Dinamite é o feijão cozinhando
Dentro do molho dela
A bruxa acendeu o fogo
Se cuida, rapaziada
Tem mandinga de cabôco
Mandando nessa parada
Garrafada de serpente
Despacho de cachoeira
Quando mais o fogo sobe
Mais a panelada cheira
Olho na pressão, tá fervendo
Olho na panela
Dinamite é o feijão cozinhando
Dentro do molho dela
A bruxa mexeu o caldo
Se liga aí, ô galera
Tá pingando na mistura
Saliva da besta-fera
Chacina no Centro-Oeste
E guerrilha na fronteira
Emboscada na avenida
Tiro e queda na ladeira
Mas feitiço é bumerangue
Perseguindo a feiticeira

(Lenine, Bráulio Tavares, Sérgio Natureza)
Lenine – Voz E Viola De 10
Naná Vasconcelos – Talking Drums, Caxixi, Macarrão, Bomboturco E Miscelâneas Sonoras
Tom Capone – Baixo
Lenine, Tom, Rodolfo E Digão (Os Raimundos – Participação Especial, Gentilmente Cedidos Pela Warner Music) – Coro

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,
A vida não para.

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(Lenine e Dudu Falcão)
Lenine – Voz E Violão Drive
Humberto – Piano Acústico E Pad
João Vicente – Gaita
Plínio Gomes – Programação, Teclados E Samples

Ela é minha delícia
O meu adorno
Janela de retorno
Uma viagem sideral
Ela é minha festa
Meu requinte
A única ouvinte
Da minha Rádio Nacional
Ela é minha sina
O meu cinema
A tela da minha cena
A cerca do meu quintal
Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Ela é minha orgia
Meu quitute
Insaciável apetite
Numa ceia de natal
Ela é minha bela
Meu brinquedo
Minha certeza, meu medo
É meu céu e meu mal
Ela é o meu vício
E dependência
Incansável paciência
E o desfecho final
Minha meta, minha metade
Minha seta, minha saudade
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu fá, minha fã
A massa e a maçã
Minha diva, meu divã
Minha manha, meu amanhã
Meu lá, minha lã
Minha paga, minha pagã
Meu velar, minha avelã
Amor em Roma, aroma de romã
O sal, e o são
O que é certo, o que é sertão
Meu Tao, e meu tão…
Nau de Nassau, minha nação

(Lenine)
Lenine – Voz E Violão Drive
Kassin – Programação, Baixo, Guitarra E Sampler
Berna – Programação E Sampler

Nenhum aquário é maior do que o mar
Mas o mar espelhado em seus olhos
Maior me causa o efeito
De concha no ouvido
Barulho de mar
Pipoco de onda
Ribombo de espuma e sal
Nenhuma taça me mata a sede
Mas o sarrabulho me embriaga
Mergulho na onda vaga
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raios que controla a onda cerebral do peixe
Nenhuma rede é maior do que o mar
Nem quando ultrapassa o tamanho da terra
Nem quando ela acerta,
Nem quando ela erra
Nem quando ela envolve todo o planeta
Explode e devolve pro seu olhar
O tanto de tudo que eu tô pra te dar
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove
Às vezes eu penso que sai dos teus olhos o feixe
De raios que controla a onda cerebral do peixe
E eu caio na rede,
Não tem quem não caia
Se a rede é maior do que o meu amor
Não tem quem me prove

Clique aqui para baixar as Cifras

(Lenine e Lula Queiroga)
Lenine – Voz E Violão
Davi Morais – Guitarra
Tom Capone – Rede
Marcos Suzano – Loops De Percussão
Plínio Gomes – Programação E Teclados
Mauro Manzoli – Bumbo E Tarol

Eu sou feito de restos de estrelas
Como o corvo, o carvalho e o carvão
As sementes nasceram das cinzas
De uma delas depois da explosão
Sou o índio da estrela veloz e brilhante
O que é forte como o jabuti
O de antes de agora em diante
E o distante galáxias daqui
Canibal tropical, qual o pau
Que dá nome à nação, renasci
Natural, analógico e digital
Libertado astronauta tupi
Eu sou feito do resto de estrelas,
Daquelas primeiras, depois da explosão
Sou semente nascendo das cinzas
Sou o corvo, o carvalho, o carvão
O meu nome é Tupi
Guaykuru
Meu nome é Peri
De Ceci
Eu sou neto de Caramuru
Sou Galdino, Juruna e Raoni
E no Cosmos de onde eu vim
Com a imagem do caos
Me projeto futuro sem fim
Pelo espaço num tour sideral
Minhas roupas estampam em cores
A beleza do caos atual
As misérias e mil esplendores
Do planeta de Neanderthal

(Lenine e Carlos Rennó)
Lenine – Voz E Violão
Maria Moura E Tom Capone – Baixo
Marco Lobo – Berimbau
Naná Vasconcelos – Caixa De Guerra
Celso Alvim – Calota
C.A Ferrari – Surdo
Sidon Silva – Tarol
Mauro Manzoli – Chimbau
Plínio Gomes – Programação, Teclados E Samplers

É como se a gente não soubesse
Pra que lado foi a vida
Porque tanta solidão
E não é a dor que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou
É como se a gente pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração
Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou

(Lenine e Dudu Falcão)
Lenine – Voz E Violão
Humberto Barros – Rhodes Piano
Mauro Manzoli – Pratos
Plínio Gomes – Programação E Samplers

Alzira bebendo vodka
Defronte da Torre Malakof.
Descobre que o chão do Recife
Afunda um milímetro a cada gole.
Alzira na rua do hospício,
No meio do asfalto, fez um jardim.
Em que paraíso distante, alzira,
Ela espera por mim?
Alzira, ô!
Alzira virada pra lua
Rezando na igreja de são ninguém,
Se o mundo for só de mentira,
Só ela acredita que existe além.
Que existe outra natureza
Que vem ocupar o lugar do fim.
Em que paraíso distante, Alzira,
Ela espera por mim?
Alzira, ô!
Alzira zerou seu futuro
Se escondeu no escuro do furacão
Se a gente vê só alegria
Só ela antevia a revolução
O mar derrubando o dique
E invadindo a cidade enfim
Em que paraíso distante, alzira,
Ela espera por mim?

(Lenine e Lula Queiroga)
Lenine – Voz
Tom Capone – Baixo Drive
Plínio Gomes – Guitarra, Baixo, Sampler E Teclados
Pantico Rocha – Bateria
Jangui – Programação E Bateria
Lenine, Tom, Plínio, Pedro Luís E A Parede – Coro

Os curiosos atrapalham o trânsito
Gentileza é fundamental
Não adianta esquentar a cabeça
Não precisa avançar o sinal
Dando seta pra mudar de pista
Ou pra entrar na transversal
Pisca alerta pra encostar na guia
Pára-brisa para o temporal
Já buzinou, espere não insista
Desencoste o seu do meu metal
Devagar pra contemplar a vista
Menos peso no pé do pedal
Não se deve atropelar cachorro
Nem qualquer outro animal
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Motoqueiro, caminhão, pedestre
Carro importado, carro nacional
Mas tem que dirigir direito
Pra não congestionar o local
Tanto faz você chegar primeiro
O primeiro foi seu ancestral
É melhor você chegar inteiro
Com seu venoso e seu arterial
A cidade é tanto do mendigo
Quanto do policial
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Travesti, trabalhador, turista
Solitário, família, casal
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Sem ter medo de andar na rua,
Porque a rua é o seu quintal
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Boa noite, tudo bem, bom dia
Gentileza é fundamental
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual
Pisca alerta pra encostar na guia
Com licença, obrigado, até logo,
tchau
Todo mundo tem direito à vida
E todo mundo tem direito igual

(Lenine e Arnaldo Antunes)
Lenine – Voz, Bombo E Trânsito
Siba – Rabeca
Pedro Sá – Guitarra
Tom Capone – Guitarra E Baixo Drive
Plínio Gomes – Programação
Lenine, Pedro Luís E A Parede – Groove Do Coco

De Passagem:
. Banda De Pifanos De Caruaru (O Boi)
Pedro Luís E A Parede – Performance
Carlos Malta E Coreto Urbano – Performance
Samba Em Tel-Aviv (Diwan) – Performance
.Trecho de “O Boi” (Sebastião Biano) fonograma interpretado pela banda de Pifanos de Caruaru, gentilmente cedido pela Sony Music
Pedro Luís, Artista gentilmente cedido Pela Warner Music

Tá relampiano, cadê neném?
Tá vendendo drops no sinal pra alguém
Tá relampiano, cadê neném?
Tá vendendo drops no sinal pra alguém,
Tá vendendo drops no sinal…
Todo dia é dia, toda hora é hora,
Neném não demora pra se levantar,
Mãe lavando roupa, pai já foi embora
E o caçula chora para se acostumar
Com a vida lá de fora do barraco,
Hai que endurecer um coração tão fraco,
Para vencer o medo do trovão,
Sua vida aponta a contramão
Tá relampiano, cadê neném?
Tá vendendo drops no sinal pra alguém
Tá relampiano, cadê neném?
Tá vendendo drops no sinal pra alguém,
Tá vendendo drops no sinal…
Tudo é tão normal, todo tal e qual,
Neném não tem hora pra ir se deitar,
Mãe passando roupa do pai de agora,
De um outro caçula que ainda vai chegar,
É mais uma boca dentro do barraco,
Mais um quilo de farinha do mesmo saco,
Para alimentar um novo João Ninguém,
A cidade cresce junto com neném

(Lenine e Paulinho Moska)
Lenine – Voz
Dominguinhos – Acordeon
Junior – Guitarra E Programação
Marcello H – Voz E Programação
Vitinho Z – Baixo E Samplers

Era um menino com o destino do mundo nas mãos
Olhos no dilúvio e os dedos num violão
Dançam cordilheiras, ondeando, ofegando no ar
Roda, minha vida, se eu quiser posso abrir um mar.
E eu irei em qualquer direção
E voltarei, eu sou meu guia
Parto com a lua derramada no espelho do mar
Cartas de um futuro, tenho o mundo pra se revelar
Era o outro lado do sol e um perfume de fruta e de flor
Roda, minha vida, nas trapaças do criador
E eu irei…
Quando o sol vem brilhar
E um resto de estrela da noite clareia a manhã
Terra e sol, vento e mar,
O segredo que eu trago guardado no meu talismã
Era um menino com o destino do mundo nas mãos
Olhos no dilúvio e os dedos num violão
Era o outro lado do sol e um perfume de fruta e de flor
Roda, minha vida, nas trapaças do Criador
E fui até o outro dia…

(Lenine e Bráulio Tavares)
Lenine – Voz E Violão
Naná Vasconcelos – Bomboturco
Plínio Gomes – Programação E Samplers
Tom Capone – Baixo
Marcos Suzano – Loops De Percussão

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera
E pede pressa
Eu me recuso, faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara, tão rara
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei,
A vida não para.

(Lenine e Dudu Falcão)
Lenine – Voz E Violão Drive
Humberto Barros – Piano Acústico E Pad
João Vicente – Gaita
Plínio Gomes – Programação
Mu Carvalho – Programação De Bateria
Kiko – Guitarra