Lenine não é dado a efemérides. Mas em 2013 foi vencido pela conspiração das datas e celebrou entre amigos os 20 anos de “Olho de Peixe”, parceria com Marcos Suzano. O reencontro no palco durou apenas duas noites, com apresentações que reproduziram o mesmo roteiro do disco que os projetou para o mundo com canções como “Leão do Norte”, “Acredite ou não” e “Gandaia das ondas”.
Olho de Peixe foi lançado em 1993. É fruto do encontro de Lenine e Marcos Suzano para a produção de uma trilha. “Nós fizemos Olho de Peixe numa noite. No jeito que o encontro foi, saiu o disco. Eu ia mostrando minhas canções, Suzano ia pegando os instrumentos e dizia ‘é isso’. Ele tinha acabado de chegar do México porque tinha gravado com a Joan Baez e sugeriu que a gente finalizasse o disco em Nova Iorque. E lá fomos nós, eu, Suzano e Denilson mixar Olho de Peixe” – lembra Lenine.
Em cena, apenas os dois músicos, violão e pandeiro. O álbum é, na verdade, o duelo entre esses dois instrumentos, costurados pela poesia de Lenine, construída em dez anos de dedicação ao exercício da composição e parcerias (que perduram até seus mais recentes trabalhos) com Lula Queiroga, Bráulio Tavares, Ivan Santos, Dudu Falcão e Paulo César Pinheiro.
“O violão se torna uma ‘máquina de ritmo’ que concentra força a cada giro, quase uma pequena orquestra de tambores. Não bastasse tudo isso, o disco ainda traz melodias inspiradas, portadoras de longas saudades e lentas melancolias – algo que colocava Lenine num ponto de equilíbrio perfeito entre suas matrizes regionais e seus arroubos de modernidade, entre o sertão e a ficção científica, entre a orquestra de pífanos e a banda de rock, entre o tempo eterno das ondas e o tempo agitado da cidade, entre Pernambuco e Rio de Janeiro”, define o crítico Paulo da Costa e Silva para a revista Piauí.