maio . 2024

Encontros Socioambientais – São Luis (MA)

São Luis

A beleza do trabalho das quebradeiras de coco babaçu no povoado maranhense de Ludovico, a 320km de São Luís, é descrita por Lenine quase como uma cena de filme, um poema, uma canção:

– As quebradeiras vão para os babaçuais com seus “maridos”, que é o nome que elas dão a seus machados, que usam só a lâmina, sem cabo – explica o compositor. – Enquanto quebram o coco, elas cantam no ritmo, sempre melodias menores, de uma tristeza, mas também tão celebrativo. Elas ritualizaram aquele trabalho. Vão se espalhando pelos babaçuais, ficam distantes umas das outras, com aquele coro reverberando num território enorme. Há uma exuberância impressionante na vida dessas mulheres.

Maria Alaides da Silva, de 56 anos, é uma delas. Mãe de sete filhos e quatro netos, ela sempre trabalhou, assim como sua mãe, no extrativismo do coco babaçu e em roça de agricultura familiar.

– A minha rotina sempre foi: café da manhã, lavar roupa, fazer comida, quebrar coco babaçu. E, após casada, também cuidar dos filhos – resume Maria Alaides.

A história de Maria Alaides reflete a de muitas de suas colegas, que lutaram para que pudessem exercer sua profissão e melhorar suas condições de vida. Em 1987, ela se aproximou de movimentos sociais como o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde e Pastoral da Criança (“Esses trabalhos nos deram suporte para levantar a bandeira da luta por qualidade de vida para todas as quebradeiras, pela saúde, educação, acesso livre para a coleta e quebra de coco babaçu, e em seguida a luta por terra”, explica).

– Instituições como a Assema e a AMTR nos oferecem vários tipos de formação e capacitação, além de promover intercâmbios e ajudar com ações como os Encontros Socioambientais, que fez com que pessoas como Lenine pudessem conhecer nossas experiências de vida.

Projeto Anfitrião:
Comunidade produção e renda – CESE e AMRT – Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais Lago do Junco

Com apoio da CESE, a AMTR apoia as quebradeiras do coco na comercialização de sabonete e papel reciclado com fibras de babaçu, além de lutar pela conservação do babaçu, pela valorização da atividade, e pelo livre acesso delas aos babaçuais.