abril . 2014

Encontros Socioambientais – Santos (SP)

Santos

Lenine veio se juntar à nossa paixão pelo gigante marinho que visita o litoral paulista todos os anos no inverno, seguindo rotas migratórias vindas do Sul. Estar na presença de uma raia manta é de tirar o fôlego, elas nos olham dentro dos olhos. Interagem curiosamente com os mergulhadores, o que torna os encontros com esses animais momentos únicos e inesquecíveis na vida de qualquer mergulhador. A pesquisa tem um valor fundamental para compreendermos o animal que desejamos proteger, mas é da educação ambiental que pode vir a única chance de sobrevivência das raias gigantes. Essa é a missão do projeto Mantas do Brasil.

De alguma forma, o caminho que levou Ana Paula Balboni Coelho a criar o projeto Mantas do Brasil estava definido desde a infância. Ela traça sua árvore genealógica: do avô Achilles, de quem ganhou livros e microscópios, herdou a curiosidade científica e a paixão pelo mar; do pai engenheiro, veio o raciocínio lógico; da mãe professora de biologia, o amor pelos bichos. Vocações que ele usa em favor das raias gigantes, das quais fala com emoção, como quando lembra seu primeiro encontro com exemplares da espécie:

– Vi uma mancha escura no meio da coluna d’água. Imensa. Fui me aproximando, e a mancha crescendo. Quando meu cérebro conseguiu entender que eu estava vendo uma manta negra, raríssima em nossas águas, minha alma saiu pela boca. Saiu de mim um som que nunca mais produzi igual, como um canto lírico, uma voz que não é minha, um canto entoado enquanto minha alma saía e voltava. Inesquecível. Esse macho negro de uns 5 metros brincou conosco. Depois que ele se foi, chegaram juntas duas mantas de ventre branco, depois mais duas. Nós, mergulhadores, fomos para o barco chorar. Alguns choravam eufóricos, outros, mudos – lembra a coordenadora do projeto Mantas do Brasil.

Paula Romano, coordenadora administrativa do mantas do Brasil, também chegou ali movida pela paixão – e pelo acaso. Desde sempre apaixonada pelo mar e interessada em se dedicar de alguma forma à sua preservação, há alguns anos ela teve síndrome do pânico, ocasionada pelo estresse do trabalho como contadora. Seu terapeuta recomendou uma atividade prazerosa, e ela escolheu se inscrever numa escola de mergulho.

– Comecei a mergulhar, cada vez mais ativamente e me encantar ainda mais pela vida. Acabei  conhecendo pessoas e me envolvendo de forma voluntária em projetos ambientais, foi onde me aproximei de pessoas que tinham a mesma paixão e a mesma necessidade de fazer alguma coisa a mais em prol da conservação – explica Paula, que se divide entre seu escritório (especializado em contabilidade do terceiro setor e em produtoras e projetos culturais, ambientais e esportivos) e o Mantas do Brasil.

Projeto Anfitrião:

Mantas do Brasil – www.mantasdobrasil.org.br

Através de iniciativas de educação, pesquisa e mapeamento do processo migratório das mantas (raias gigantes que podem chegar a sete metros de comprimento), o projeto baseado na Baixada Santista trabalha pela preservação da espécie.

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